Borda, novo trabalho da Lia Rodrigues Cia de Danças, investiga os sentidos dessa palavra em português: limite, margem, entre-lugar, mas também o ato de bordar, tecer e elaborar. O espetáculo estreia em São Paulo no dia 30 de outubro de 2025, no Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros, e segue em cartaz até dia 23 de novembro, de quinta a domingo. (serviço completo abaixo)
Nesse jogo entre fronteira e bordado, simbolizando separação e conexão, Lia Rodrigues explora um espaço de mudanças: corpos e materiais se encontram, se transformam e se reinventam. Com nove bailarinos e bailarinas em cena, a coreografia estuda os possíveis espaços intermediários, com uma pergunta: há um caminho para redesenhar o nosso mundo?
Há no palco a ideia de fronteiras geográficas e políticas, às vezes, representadas por muros, arame farpado, cercas vivas, portões, postos de controle. E também se vislumbra espaço para imaginação, para criar novos mundos. Assim, as oposições são criadas: hospitalidade e hostilidade, liberdade e dominação, inferior e superior, o que é considerado nativo e o que é considerado estrangeiro.
Lia Rodrigues propõe um espetáculo que se constrói como bordado de memórias, em diálogo com criações e pesquisas anteriores. No processo de criação, malas guardadas ao longo de 35 anos de trajetória foram abertas e seus conteúdos transformados pelo elenco e outras pessoas envolvidas. “É reutilização e reciclagem. Como se, ao nos debruçarmos sobre o que já temos, pudéssemos produzir alguma coisa nova. Materiais como um pedaço de plástico ou de roupa – as sobras – podem vir para o centro e se transformar. Então, é mais como desdobrar e bordar, usando a palavra ‘borda’. Dobrar-se sobre si mesmo e bordar as memórias dos trabalhos anteriores”, diz a coreógrafa.
Fragmentos de outros trabalhos reaparecem sob novas formas: o bebê que veio de Ma, os figurinos e objetos de Folia e May B, de Maguy Marin, obra dançada por Lia Rodrigues, o rio de Pindorama. “Fabricar é algo que, em Borda, ficou ainda mais forte: o fabricar com as mãos. Cortar, recortar, amarrar, dar um nó, fazer um macramê, um colar, uma cabeça”, afirma Lia Rodrigues.
Em cena, esses arquivos vivos e modificados pela companhia se transformam em um organismo em constante mutação, no qual tecidos, objetos e corpos se fundem e ganham novas formas, em que fronteiras se tornam móveis e dançantes. “Como fazer uma criação a partir de uma realidade entrelaçada com linhas visíveis e invisíveis que marcam os limites entre medo e esperança, entre estrondos e silêncios, inundações e queimadas? Como podemos trazer conosco a terra de nossas visões, desejos, memórias, futuros?”, diz o texto do programa. Borda apresenta uma promessa para o futuro.
A trilha sonora incorpora gravações da Missão de Pesquisa Folclórica de 1938, idealizada por Mário de Andrade, escritor e gestor cultural de influência na trajetória da coreógrafa desde os anos 1990. O recurso reforça a ideia de que materiais, sons e memórias são devolvidos ao público sob novas configurações.
Sustentada por parcerias internacionais, a companhia é parte do trabalho coletivo do Centro de Artes da Maré, espaço que une criação, formação e circulação de artistas.
SERVIÇO
Borda
Lia Rodrigues Cia de Danças
Data: 30 de outubro a 23 de novembro, de quinta a sábado, 20h, domingo, 18h
Local: Sesc Pinheiros – Teatro Paulo Autran
Ingressos: R$ 70, R$ 35, R$ 21
Duração: 60 minutos
Classificação: 12 anos
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros – São Paulo (SP)
Horário de funcionamento: Terça a sexta: 10h às 22h. Sábados: 10h às 21h. Domingos e feriados: 10h às 18h30
Estacionamento com manobrista
Como Chegar de Transporte Público: 350m a pé da Estação Faria Lima (metrô | linha amarela), 350m a pé da Estação Pinheiros (CPTM | Linha Esmeralda) e do Terminal Municipal Pinheiros (ônibus).
Acessibilidade: A unidade possui rampas de acesso e elevadores, além de banheiros e vestiários adaptados para pessoas com mobilidade reduzida. Também conta com espaços reservados para cadeirantes.

