Após um período fechado para requalificação da área com um investimento de R$ 4 milhões, a Prefeitura de São Paulo reabriu o Parque Chácara das Flores, no Itaim Paulista, Zona Leste da capital, neste sábado (19). O projeto de arquitetura buscou preservar as estruturas e características da antiga chácara, além de conservar a edificação da olaria, construída no início do século XX. Antes de fechar, há cerca de um ano, o parque recebia em média cinco mil visitas por mês.
“Nós temos 111 parques em São Paulo. Inaugurei três, vou inaugurar mais cinco e já requalificamos 26 parques. Esse é um deles, que sofreu um desastre natural, várias árvores caíram”, apontou o prefeito Ricardo Nunes. “Além de toda essa requalificação nós colocamos um equipamento de Cultura aqui dentro, a Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA)”, completou Nunes.
As diretrizes que nortearam o planejamento democratizam o espaço e promovem a acessibilidade, preservam sua história e memória e oferecem modernidade em suas instalações e infraestruturas. Em conjunto com essas transformações, as articulações entre as secretarias municipais do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) e Cultura (SMC) resultaram na implantação da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) que ocupará a partir de agora o parque com o programa pedagógico voltado às artes para crianças da região.
Os edifícios passaram por reformas gerais, revelando suas formações antigas, buscando o aproveitamento da iluminação natural e instalações de materiais contemporâneos. O projeto arquitetônico incorporou à linguagem visual da EMIA com cores quentes aplicadas nas estruturas e componentes construtivos das edificações, utilizando materiais com transparência em sua composição, integrando e ampliando os espaços entre as áreas internas e externas, proporcionando um lugar criativo, lúdico e em contato com a natureza do parque que possui em seu interior remanescentes de Mata Atlântica com o Ribeirão Lajeado contornando seus limites ao fundo da área.
Segundo o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ravena, sessenta árvores caíram no parque e seis delas destruíram todos os equipamentos. “A gente está requalificando o parque inteiro e entregando um equipamento que é necessário para comunidade e que estava fechado desde maio de 2021”, disse.
O desenho dos mobiliários pretende reaproximar as pessoas, incentivar o diálogo e sociabilidades com as novas conversadeiras (bancos com encosto sob a sombra com revestimento em madeira para melhor aconchego e conforto dos frequentadores), além de bebedouros com água fresca. Soma-se a isso a implantação do sistema de iluminação com postes baixos e lâmpadas na cor amarela que não agridem a fauna do local.
Também foram implantados novos equipamentos de uso coletivo, como os dois parquinhos infantis, enquanto outros foram requalificados como o mirante das copas das árvores, caminhos que permeiam o bosque, a quadra poliesportiva e sua arquibancada, sanitários públicos, centro de convivência e o largo. O acesso do parque ganhou ainda uma edificação destinada à zeladoria.
Além dos acessos, pisos e caminhos que adentram à área verde, o projeto contém alguns detalhes objetivos, como:
O edifício da olaria que manteve sua volumetria original substituiu o telhado, teve uma nova pintura e iluminação.
O Centro de Convivência passou por substituição do telhado e reforma de suas infraestruturas.
A administração teve melhorias, pinturas, instalação de novas infraestruturas, substituição do telhado e requalificação do largo de acesso.
O mirante recebeu novo mobiliário e sua altura foi alterada para oferecer maior sensação de estar em meio às árvores.
A edificação da EMIA passou por melhorias, instalação de novas infraestruturas, pinturas e acabamentos que valorizam as artes e o conforto.
Sobre a região
O Itaim Paulista começou a receber seus primeiros moradores apenas no final do século XVIII. Com a chegada da Ferrovia Estrada do Norte, anteriormente Central do Brasil, nos anos 1800, o bairro começou a se desenvolver com casas ao longo das margens dos trilhos. Em 1957, o Itaim Paulista ganhou sua primeira paróquia, de João Batista. Em 1980 a região foi elevada à condição de distrito autônomo, desmembrando-se de São Miguel Paulista.
No início do século passado, o trabalho das olarias multiplicou-se acompanhando o desenvolvimento da cidade, que consumia cada vez mais materiais de construção, como pedregulhos e areia, extraídos do rio Tietê. A Chácara das Flores ainda guarda as reminiscências desse tempo: são quatro hectares de terra que abrigam uma das mais longevas olarias do Itaim. Com mais de 70 anos, a antiga olaria, embora já não fabrique tijolos e telhas, continua atraindo a atenção de muitos visitantes. Atualmente abriga uma grande área verde, ocupada por descendentes de várias partes do mundo que se mudaram em busca de melhores condições de vida. Após alguns anos chegaram os migrantes nordestinos, hoje em dia são maioria no Itaim.