Considerado um marco cultural e histórico da região sul de São Paulo, o centenário Mercado Municipal de Santo Amaro reabre as suas portas no próximo dia 9 de dezembro. Carinhosamente apelidado de Santo Mercado, o empreendimento marca sua nova fase – após o incêndio ocorrido em 2017 – integrando à sua tradicional história, que começou em 1897, um conceito contemporâneo inspirado nos grandes mercados europeus, que reúne compras, serviços e lazer em um projeto arquitetônico que integra o ambiente interno ao externo.
“É uma grande satisfação fazermos parte deste novo capítulo e poder devolver à população esse patrimônio, que foi palco de tantas histórias, ainda melhor e maior. Durante as obras passamos pelo período de pandemia, mas não desistimos, pois temos o compromisso de entregar um empreendimento de qualidade e desenvolver esses comerciantes dentro do cenário atual do varejo. Estamos devolvendo o Mercado para o bairro, gerando empregos, acelerando a economia e agregando valor em todas as fases desse processo”, afirma o presidente do Consórcio Fênix e da Engemon Marco Alberto Silva.
O empreendimento conta com 11.500 m2 de área total, quase quatro vezes mais que a metragem anterior (3.000m²), distribuídos em três pisos, o que dará espaço para materializar a sua vocação – ser o maior e mais completo complexo gastronômico da região. Dessa forma, o número de espaços comerciais passou de 25 para 120, além de 37 quiosques. Nessa primeira fase, mais de 50 operações já estarão abertas, com destaque para 19 permissionários que continuam no local e novas lojas de gastronomia e serviços.
Entre os permissionários, está o proprietário da Flor da Terra Floricultura e Paisagismo, Eder Pinheiro da Silva, que faz parte do Santo Mercado há 15 anos. Empresário experiente, que transformou sua paixão de infância pelas flores em negócio, Eder teve que se reinventar após o ocorrido, situação ainda mais agravada pelo período de pandemia. Agora, com o olhar marejado de emoção ao relembrar os desafios enfrentados, comemora o início de um novo ciclo. “Estou bastante otimista com o novo projeto e proposta do Santo Mercado. Creio que teremos forte demanda, novo público… enfim, estou muito feliz e confiante”, afirma ele, que planeja trazer de volta ao seu espaço a atmosfera acolhedora com produtos diferenciados, que convidam o cliente a vivenciar uma agradável experiência de compra.
José Manoel Pereira Serra, proprietário da Bomboniere Peteka, que está no empreendimento há 36 anos, compartilha do mesmo sentimento. “Amo minha loja e tenho muito carinho e respeito com meus clientes. O novo projeto do mercado é muito lindo e moderno. Realmente de bom gosto. Nossos clientes merecem! Estamos juntos e esperançosos!”
A expectativa otimista também é compartilhada entre os novos lojistas. “Escolhemos o Santo Mercado para sediar o Villaggio del Tartufo por ser um projeto único, parecido com os mercados europeus de grande sucesso, com um conceito totalmente voltado à uma ‘agradável experiência’ do visitante, que poderá contar com opções totalmente diferentes, e, ainda, preservando o patrimônio histórico do ‘antigo’ Mercado de Santo Amaro”, conta César Augusto Vásquez, sócio do espaço especializado em trufas e vinhos italianos, que trouxe para Brasil um dos mais importantes nomes do “tartufo” italiano e mundial Giuliano Tartufi.
O mix comercial também passa a incluir diversas opções de serviços como um grande hortifruti, âncora do espaço (o antigo “sacolão”), salão de beleza, lotérica, caixas eletrônicos, clínica de massagem, drogaria e pet shop.
Com um investimento superior a R$ 80 milhões, o projeto ainda contempla mais uma fase. Na próxima, prevista para o primeiro semestre de 2023, será entregue um rooftop com mais de 500 m²2 de área, um privilegiado ambiente que valoriza a natureza e a luz natural, com vista para a Represa do Guarapiranga.
O projeto
O projeto arquitetônico é assinado pela KT Retail Art – escritório referência em projetos de varejo – com participação da AFGM Arquitetos Associados. A mescla de materiais orgânicos, como a madeira, com elementos industriais, como o aço preto, traz a sensação de acolhimento e conforto juntamente a um ar contemporâneo. O projeto é biofílico, isto é, valoriza o contato com a natureza, promovendo bem-estar, com destaque para a iluminação e ventilação naturais, e o verde incorporado ao projeto de duas maneiras: preservação de árvores internas, bem como através da permeabilidade visual que permite ver de dentro do Mercado o “destaque paisagístico da grande árvore da esquina”. Outro conceito também é a integração visual do entorno através dos vidros da fachada, que integra o projeto na cidade e vice-versa.
Além de árvores internas, os cobogós – tradicionais tijolos vazados criados na década de 1920 e que compunham a arquitetura original, também foram mantidos. Eles fazem parte da herança da arquitetura árabe baseada nos muxarabis.
A história também será homenageada pela choperia Bonde Beer, localizada logo na entrada principal do empreendimento. Com espaço instagramável, o quiosque tem o formato de um bondinho – meio de transporte histórico tipicamente paulistano, que teve suas últimas unidades em atividade justamente na região de Santo Amaro.
O projeto traz, ainda, a sustentabilidade no quesito utilização de água de reúso para bacias sanitárias, para rega das áreas ajardinadas e para lavagem dos estacionamentos e calçadas. A iluminação foi projetada em LED para redução do consumo de energia.
O conceito aberto, sem presença de muros, com calçadas e áreas para pedestres estendidas e boulevards externos, seguem as tendências mais atuais da arquitetura e do urbanismo, que valorizam o conceito de integração entre o público e o privado e a chamada cidades para pessoas – convidativas e que favorecem atividades sociais e de lazer de maneira combinada.
Mobilidade urbana
A localização privilegiada, a pouco mais de 1 km do Terminal Santo Amaro de ônibus e a apenas duas quadras da estação Adolfo Pinheiro do metrô, linha 5 – Lilás, também contribui para o conceito do projeto ao viabilizar a adoção de meios de transportes mais sustentáveis e que favorecem a mobilidade urbana, como transporte público e bicicleta. Por isso, o empreendimento dispõe de um amplo bicicletário com mais de 60 vagas e área de embarque e desembarque para carros de aplicativos. Para quem prefere se deslocar de carro, há um estacionamento rotativo pago com 160 vagas, das quais 40% são cobertas.
Valorização da cultura e da comunidade locais
Tendo como um dos pontos chave seu vínculo com a região e a cultura do local onde está inserido, o Santo Mercado mantém essa relação entre suas prioridades. Símbolo disso é a intervenção artística realizada a partir dos trabalhos dos alunos da Escola Waldorf Rudolf Steiner. Conforme explica Fernanda Martins Fontes, professora de artes da escola, a obra, que reúne mais de 200 desenhos e pinturas dos estudantes do Ensino Fundamental I ao Ensino Médio, percorre o caminho de desenvolvimento do currículo artístico na pedagogia Waldorf, que permeia a criança e o jovem ao longo de sua jornada educacional.
O grandioso painel, com mais de 110 m², faz referência aos famosos vitrais que surgiram na Europa a partir do século X, os quais tinham por objetivo ilustrar cenas e narrar histórias, e contavam com a utilização da luz, que brilha por meio das cores dos vidros, capturando o olhar. Além de remeter às antigas janelas coloridas, o lindo painel também revela o efêmero e o urbano, presentes na técnica de lambe-lambe utilizada para aplicação dos trabalhos das alunas e alunos. “Assim apresentamos a incrível trajetória da arte no nosso dia a dia escolar, com a verticalidade dos vitrais e, ao mesmo tempo, com a horizontalidade e a força da arte de rua, que aproxima a todos”, completa Fernanda.
Em parceira com o Anglo Chácara Santo Antônio, tradicional colégio do bairro, o Santo Mercado contará, ainda, com um espaço de leitura – o “Tecendo História, Tecendo Emoções” – onde a comunidade poderá trocar livros, lê-los em um lugar aconchegante preparado pela equipe pedagógica da instituição e participar de atividades literárias, como leituras para crianças, conversa com autores, entre outros. De 10 a 31 de dezembro, quem visitar o local terá a oportunidade de prestigiar a exposição que leva o mesmo nome do espaço e apresentará trabalhos dos alunos da escola. São fotos, desenhos e textos desenvolvidos por eles ao longo de 2022 a partir de um estudo sobre a história de Santo Amaro.
Impacto socioeconômico
Desde o início das obras foram gerados 500 empregos para a reconstrução do Santo Mercado. A partir de sua abertura, o empreendimento deve gerar, aproximadamente, 1.500 empregos diretos e indiretos.
Com um fluxo mensal estimado em 120 mil pessoas, a reabertura do Santo Mercado também deve impactar positivamente o desenvolvimento econômico da região, a começar pelo retorno pleno das atividades comerciais dos permissionários, que estimam um aumento de 50% nas vendas, além dos novos lojistas.
Inaugurado em 1897 e, desde 1961 no mesmo local, o Mercado Municipal de Santo Amaro foi acometido por um incêndio que comprometeu mais de 70% de sua estrutura, em 25 de setembro de 2017. O local possuía 3.600 m² de área construída e cerca de 25 boxes, incluindo um sacolão e restaurantes. Em agosto de 2019, o então prefeito Bruno Covas assinou o contrato de concessão do Mercado Santo Amaro ao Consórcio Fênix, por 25 anos.
O Consórcio Fênix deu início ao processo de construção, recuperação, ampliação e revitalização do empreendimento no mesmo ano, com o objetivo de transformar o mercado em um novo polo cultural, turístico e gastronômico para a cidade de São Paulo.
Horário de Funcionamento Natal e Ano Novo
Dia 24/12: 7h às 18h
Dia 25/12: fechado
Dia 31/12: 7h às 18h
Dia 01/01/23: fechado
Horário de Funcionamento Santo Mercado:
De Segunda a Sábado, das 7h às 22h. Domingo e feriado, das 7h às 18h.
Destaques Mercado Municipal de Santo Amaro reabre após cinco anos
Mercado Municipal de Santo Amaro reabre após cinco anos
Related posts
Read also